terça-feira, 30 de agosto de 2011

Desprender

É dolorido!
se é que posso dizer isso.
Deixa minhas pernas trêmulas,
na verdade,
queria fugir,
também gritar,
e não tenho voz,
nem fôlego.
Te ver passar assim,
Tão perto...
Rouba muito mais que o ar,
rouba o som.
Eu até posso sentir o coração bater,
mas não o ouço.
Se perguntassem como vivo
diria que numa existência inexistente
de passados mais-que-perfeitos.
Mas o que eu queria mesmo é me desprender
Só pra não viver em morte,
nem morrer em vida.

Alex Rodrigues

terça-feira, 23 de agosto de 2011

4º Foto-poema


Eis que sobreponho
As minhas forças
Sobre os punhos
Sobre tudo
Sobre todos
Sobreposto
Sobre o mar
Sobre amar
Sobre mim
Sobre o gosto
Do teu rosto.

Instante


... e o sol se pôs
Tão bonito,
Tão de repente...
Em minhas mãos
Repousam quietos
Os últimos segundos
Do dia.
Me escapam
Antes que eu perceba.
Não há nada
Que eu possa fazer.
As cores apagaram
E tudo era escuridão...

Não me peça pra voltar

Não me peça para voltar
Não me peça para ficar
Você nunca se importou
Com o meu amor
Com o nosso amor
Não me peça para ficar
Não me peça para voltar
Agora é tarde
A noite se foi
O sol já nasceu
E o nosso amor
Perdeu-se de mim
E o meu amor
Perdeu-se de ti
Não me peça para voltar
Não me peça para ficar
Agora é tarde
Já não sei mais te amar.

Tisso - Thiago Soeiro http://amorcafona.blogspot.com/

Prece

Meu peito padece
Enquanto anoitece
Você não aparece
E quando amanhece
Você me esquece
O frio me amortece
Você não me aquece
Atenda minha prece
Pra que a solidão cesse
Você diz que não parece
Mas quero quem me estremece
Antes que minh'alma engesse
Cansada da tristeza que permanece

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

DOSES DE SABEDORIA NO DICIONÁRIO DA VIDA

Eu tenho tanto pra dizer
E ninguém pra me ouvir dizer, o que fazer
O que fazer?

Trago no rosto um dicionário amassado que as vezes...
...ou quase, quase sempre é mal interpretado

Joguei bola, soltei papagaio, hoje jogo xadrez
com alguns como eu, ali na praça Doutor Martinez...no parque da Mooca
onde quando havia bola e mariola, a molecada também comia paçoca.
Você já se sentiu, como num sonho, querendo gritar, falar, e a voz não sai.

Eu to vendo tudo, fico aqui observando
o menino com a caixinha iluminada e um fio na orelha vem chegando
Será que ele escuta o que eu to falando?

Tá tudo esquisito, tudo torto...
Nem a mata posso mais ver aqui do horto
Queria que me vissem, nem que fosse de relance
só para dizer um pouco que o controle vai ficar fora de alcance

De repente alguém pede uma informação
o menino - já tremendo rapagão - aquele do "apareio cus fio na oreia",
diz que não sabe não
Manda perguntar pro velho, o velho sabe...
E eu respondo com carinho, desejando sorte ao transeunte

Minha voz é cansada, isso é verdade
mas enquanto ela existir, vou tentar, mesmo que achem que é vaidade
discursar para alguns deles meu dicionário sem maldade

Presta atenção no velho meu rapaz, cuide dele, respeite-o, trate-o com carinho - e consulte seu dicionário REGULARMENTE...

Eric Meoralli

Folia

Dos teus olhos quentes,
Agora brotando lágrimas,
Rebentam pedras de sal
Paridas, calefadas.

Teus versos encantados
Estrondando no leito,
Irremediável desejo
De viver poesia

Tu, flor melindrosa,
Com doçura e beleza,
Fitilhas ornamentando a cabeça,
Fazias-te carnaval

Eu, Mestre-sala,
Dos foliões desgraçados,
Amargurados por um amor ausente
Ainda tão presente em si,
Vestia-me de fantasia
Pra sambar na tua avenida.

Alex Rodrigues