domingo, 24 de julho de 2011

Prisão

Não consigo olhar.
Não muito além.
Nem muito próximo.
Nem para o destino.
Futuro, presente ou passado.
Ando por ai,
Sufocado com a escuridão de minha vendas.

Não consigo sair daqui.
Nem me erguer.
Nem me arrastar.
Existe um peso que me detem aqui
Amarrado. contra alçadas de meus sonhos.
Somento estou aqui.
Sem poder ver, sem poder fugir.

Cidade Vizinha


Decidi arrumar as malas e visitar a cidade que não gosto, não tenho apego, não tenho nem vontade de criar e por ironia do destino moram algumas pessoas importantes na minha vida.

Aqueles seriam dias não planejados, não esperados, mas que lá no fundo traziam a esperança de encaixar todas as peças que estavam encaixadas nas últimas férias e desprenderam-se até aqui. Conhecer novas e adoráveis pessoas e o lado bom da cidade vizinha que eu não gosto, mas agora já nem é mais tão ruim assim.

Resgatar laços, criar outros. Respirar. Engordar com as minhas comidas preferidas, aquelas nada saudáveis e completamente gostosas, foi bom.

Voltar e ter que entrar no mesmo ritmo é que se torna difícil, deixar pra trás o que você acaba de conquistar e já tem que deixa ir. Existem coisas na vida que foram feitas pra chegar e partir, sem delongas. Tenho entendido melhor essas despedidas, mas sinto.

E então, lá se vai um mês e chega outro, cheio de notícias boas, com as peças quase todas se encaixando e o coração desesperadamente ansioso pra encontrar as férias passadas com decisões novas e sentimentos iguais ou melhores. Intensos.

Thainá Rodrigues http://olharparticular.blogspot.com/

Avesso

Me atrevo esquecer
O que por ora me aflige
Esconder o medo
Do que não sei de cor,
Fugir das minúcias
Que lembram teus gestos
Dilacerantes,
Inesquecíveis...
Me tirar a vida
Olhar para dentro
Fundo vazio
Das tardes sem fim,
Poesia-aprendiz
Do que li, vi,
Senti...
O que eu era antes do verso?

Aline Monteiro http://blogoutroscarnavais.blogspot.com/

Cinza

Cinza é a cor dos meus dias
Sem o brilho do teu sorriso
Cinza é o que sobrou de mim
Depois de toda a chama que tu fostes e minha vida
Cinza é o que sou
O que fui
O que com certeza eu serei
A quem quiser ver
Eu sou cinza em cinzas
E isto nunca me foi ruim
Mas e você
Quer cor tem?
O que é?
O que será?
O que sobrará?

Thiago Soeiro (Tisso) http://amorcafona.blogspot.com/

Razão

Cabes em mim de memória,
Lembrança detalhada,
E o mapa do teu corpo que amo,
O que também me ama,
Única certeza,
Tenho guardado.
Nada mudou drasticamente,
Diz-me,
Minha vaga lembrança,
Fotográfica,
Nem o meu amor,
Pura latência.
Alcanço,
Sempre haverá Razão
Quem sabe antes do fim
E depois do fim
Recomeço.

Ex-Razão

Foste razão dos versos meus
Agora não passas
De passado
Passageiro
Com passagem só de ida
Passarinho que voou longe
Passatempo
Passou tudo
Só não passou
Essa minha saudade permanente

Lara Utzig http://mensagemefemera.blogspot.com/

terça-feira, 19 de julho de 2011

Metade Vazia

Entregue a você
Metade de nós era um,
E um cabia em dois,
E não mais havia solidão.

Doado a você
Implorei que existisse vida
Enquanto fluísse o amor
E a vazão me afogasse.

Hoje levastes metade de mim,
E da outra metade restante
Nada ficou como antes:

Só existe desejos teus,
Não se ouve pensamentos meus,
Só se vê espaços vazios.

Alex Rodrigues

Eu Gentil

Acorda com a melodia que queima.
Queima fundo, no poço de tua mente arredia.
Perdida, estupidamente comprometida.
Com sonhos sujos e sensações vazias.

Veja o sol que sobre o mundo arde.
Como quem, contra a perda de um amor, também arde.
Veja a luz que além do que ilumina também cega.
Como o brilho, belo e branco que vai à noite e a extermina.

Esconda-se na vulgaridade transtornante de um breu sem medida.
Rasgando tuas próprias roupas em poder da luxúria que tanto cultivas.
Sejas tu, mesmo que não sejas belo.
Uma vez que seja certo, que o tempo que te entrego, hoje eu querAo.

E por fim, recolha-se à ordália de teu pranto.
Eis que de tudo que eu quero, já não te quero tanto.
E recoste-se aí! Sobre as arestas de teus desejos.
Pois de tudo que eu fora... Jamais fora tão pouco!

L. Gentil

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Jardim Abandonado


Elas vêm sorrateiras, quando menos se espera
Secando todas as pétalas
Pobres pétalas
Murchas como meu coração
Morrendo sem teu carinho
Que me rega

Não sei fazer fotossíntese
Não sou autossuficiente
Sou descrente
Preciso do teu oxigênio
Que reaviva as folhas de minha alma
Teu afeto H2O

Esse tal sentimento que mata
É erva daninha barata
Que se agarra
Faz amadurecer o botão
É planta carnívora que deixa o vazio
É a parasita carência
É a trepadeira saudade
É a praga solidão...

Melhor de Mim



Fui aquele rapaz que se perdia nas horas.
Que dava "bom dia" ao mar, e nele se entretinha.
Caía nas ondas como as ondas caíam na praia.
Sentia o gosto do mar, da liberdade que emergia ali.
Sentia o sol banhando tudo.
Fica sempre pelo contorno da praia.
Fui aquele rapaz que ria para as moças bonitas.
Que falava do coração e com o coração.
Que se perdia à deriva dos sonhos mais belos.
Que curtia a luz oriunda do horizonte.
Fui aquele rapaz feliz.
Que festejava o som das ondas quebrando no mar.
Fui o cara da maresia eterna que suspirava ao por do sol.
Que dava beijos doces nas minhas garotas.
Que parava os tubos do oceano.
Fui o melhor que pude ser.
Mas ancorei...

Luan Gentil

O arco-íris


Existe uma lenda que no fim do arco iris existe um pote de ouro, eu não quero o ouro.
Mas cruzaria esse arco se tivesse a certeza de que no final dele estaria seu coração.
Ele é teu tesouro, eu sei...
Mas acabou sendo o meu também...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sensação







O beijo
Da libélula
Flutua em meus lábios
Deixando-me demasiadamente
Tonto...
Caído entre o silencio
Restauro-me
Do osculo vicioso
Que leva
Sem perguntar nada
Aonde quero ir.

Kairo Ribeiro http://kairopoeta.blogspot.com/

terça-feira, 12 de julho de 2011

Minha solidão







Sempre silenciosa
Sempre amiga
Sempre vestida de cinza
Sempre com as mãos frias
Sempre me ouvindo
Sempre de madrugada
Sempre que você partiu
Eu estive com
A minha solidão.

Thiago Soeiro (Tisso) http://amorcafona.blogspot.com/

Austericidade do Drama







Sou teimoso e impaciente e orgulhoso,
Você recluso, calado e enraivecido
Eu não fico cinco minutos chateado sem falar com você
Você não fica cinco minutos para me ouvir

Eu te sigo pela casa, imploro atenção e engulo o choro
Em meio a soluços digo que você e a minha vida,
Apelo para uma lembrança feliz
E te faço milhões de juras de amor

Você me diz que isso é drama,
Que não acredita nessas lágrimas,
Que já tem outro um amor

Eu recolho meu desespero
Juntos minha sentimentalidade
Procuro a razão pelo chão
Não encontro nem minha dignidade
Estou perdido dentro de você
Preso do lado de fora de um abraço.

Alex Rodrigues

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Sarau Particular

Você lê para mim
Eu fecho os olhos
Imagino um mundo
Através da sua voz

O mundo paralelo surge
E nos encanta
Passeamos pelo mundo
De carona com Phileas Fogg

Rio algumas vezes
Mas não de ti
Sim, pela felicidade
De vê-lo contando histórias para mim

Em um dia demos a volta ao mundo
Dada em 80 (será?) por Phileas
Foi um prazer desfrutar com você
Deste sarau particular

A Menina dos Meus Olhos

A menina
que já se perdia
deixou se levar
pelos seus devaneios

brilhante
que ofuscava o taful
dos dias

que beirava
o rio e toda sua poesia
que amava sem igual
e com toda sua maravilha

a menina
que em meus olhos
não saía

que de minha mente
não se esquecia

tinha voado
para onde queria

amou o tempo
e seu tic-tac
o vinho e seu osculo gostoso

a menina
tinha que ser a menina dos meus olhos.

Kairo Ribeiro http://kairopoeta.blogspot.com/

sábado, 2 de julho de 2011

A Boca e a Língua

A língua...
Profere... Absorve, sente
A boca...
Cala... Sorri, exalta, humilha... Amarga...
A boca... Peca... Perdoa... Culpa
A língua exulta... Toca... Saboreia, provoca...
As duas...
Boca e língua...
Incendeiam
Um corpo nu.

Mary Paes http://mary-paes.blogspot.com/2010/12/boca-e-lingua.html

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Teu Olhar








Não me olhe assim
Porque o seu olhar
É veneno
E eu não ainda não aprendi
A resistir
Não aprendi
A te resistir

Tua boca
Tuas mãos
Teus olhos
Que me despem
Tudo é veneno
Para mim

Um veneno que me enlouquece
Que me excita
Um veneno chamado paixão
Que arde na pele
Que deixa marcas
Marcas de mordidas
Marcas de unhas

Enfim
Não me olhe
Porque ainda não sei dizer não
A este teu olhar
De paixão.

Tisso (Thiago Soeiro)